quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vilancete da Maria Boleira

Não são raras as vezes em que acodem à Corte artistas dotados dos mais variegados talentos, todos procurando obter o real beneplácito desta Vossa Majestade e poderem, assim, levar vida boa por entre as paredes deste castelo.
A última alma a ser admitida a tão proveitosas circunstâncias foi a Maria Boleira, ao que consta descendente directa da Padeira de Aljubarrota, de quem não só herdou o jeito para manusear a pá do forno, como também demonstra uma notável inclinação para as chamadas Belles Lettres.

Dir-se-ia que a Maria Boleira encarna a velha imagem mítica do cruzamento entre as armas e as letras, que já Camões apregoava.
Sendo assim, a Maria Boleira é uma espécie de trovadora beligerante, uma Joana Pau d'Arc dos tempos modernos, que dispara versos em vez de munições!
Eis assim, muy estimados, o vilancete, deveras inspirador, com que me encantou, garantindo merecido lugar entre os pares desta Corte:

Vilancete da Maria Boleira

País onde é useiro o lamento,
Como é o caso de Portugal,
Há que garantir contentamento
Com um pó que de nome é Royal
E que na natureza é fermento!

Como é fácil de se ver,
Usar o fermento Royal
É fonte de satisfação e prazer,
Porque o seu poder fenomenal
Consiste em fazer crescer.

Assim, se era pequena a massa,
Aplicando-se-lhe o fermento
Logo ganha outra graça,
Pois se converte em portento
E a tristeza logo passa.

Maria Boleira só usa o que é Royal,
Pó de firmados créditos
E espectro de acção natural,
E cujos efeitos benéficos
A fazem trovar sem igual!

E vós ainda, compadres do Parnaso,
Vós que sofreis c'o proverbial,
Malfadado labéu do atraso,
Saibam que duas linhas de pó Royal
Resolvem de imediato o caso!

E assim, por fim, todos verão
Que não carece estoirar cartucho
P'ra se fazer revolução,
Pois com pó que faz grande o murcho
Salvar-se-á a nação!...

El Rey Ninguém
(fervoroso prosélito do movimento
"O que é Royal é bom... para a naçom!...")



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