segunda-feira, 29 de abril de 2013

A um poeta chato...

Um Fulano que se arroga poeta, autor de uma poesia insuportavelmente chata, mereceu, da parte deste não poeta, mas sim mero poetejador, a seguinte, digamos, homenagem. Lá vai alho!

A sua virtude, por ser tão chato,
É deixar um homem logo farto
E sem querer ouvir um só mais verso.
Mas vamos lá ver se não desconverso
E se aqui demonstro que há outros chatos
Bem mais merecedores de bons tratos.
Tomemos, por exemplo, o chato dos c*lhões,
O qual, como sabemos, em certas ocasiões,
Gosta, e muito, de converter em desporto
O beliscar-nos, incomodamente, o escroto.
Estou de acordo que não seja confortável,
Mas o chato, pelo menos, é responsável
Por nos lembrar de que há por ali aparato
Que, dando-se-lhe uso, serve, de facto,
Para realizar em nós o prazer…
Bem o oposto é pormo-nos a escrever
O que será, da chatice, poemarquétipo,
Um artefacto composto em tom… aborrecimétrico,
O fruto máculo de um momento infeliz,
Enfim, poema que poema se arroga e diz,
Mas que não passa de uma patranha!...
Um prémio p’ra tal façanha?
Pois bem, se quer mesmo ser chato,
Há por aí pintelhame bem farto
Que carece de um tal inquilino,
E então se for do tipo feminino,
Alastrando pela coxa, ‘té quase ao joelho,
Imagine só, caro poeta, quanto pintelho
Por onde espraiar sua proverbial chatice,
Que alguém achou poesia, mas por pura… idiotice!
Que ninguém, no seu perfeito juízo,
Quer chatos, nem na c*na nem no guizo,
Nem é coisa que aguentar já possam!
Mal por mal, aguentar os que se coçam,
Que o coçar, isso é certo de acontecer,
Pode incomodar, mas, eventualmente, dá prazer!...

El Rey Ninguém
(sem paciência p’ra aturar chatos…)

Nota: foto da autoria de Delfim Dias.