quinta-feira, 24 de abril de 2014

Saída limpa, saída suja...

De qualquer espécie que se fale,
Parecer-me-á o resultado sempre igual:
Que exista ainda, ou esteja extinta,
Deu-lhes o Criador uma saída limpa.
Em contrapartida, deu-lhes uma outra dita cuja,
A que chamaremos, sem mais, de saída suja
Fácil é de se ver qual seja uma e outra:
A saída limpa, claro está, é a boca.
Entre muitas outras coisas, a ela lhe cabe
Ser saída do que corresponda à verdade.
Quanto à saída suja, basta ver um homem nu
P’ra se perceber que tal saída é o cu,
Saída, por sinal, que tem por triste sina
Libertar toda a sorte de matéria intestina –
Razão p’ra que dela, enfim, se fuja
E a tenham apodado, também, de suja
Deus assim fez as coisas, deste jeito,
No meu entender, diga-se, assaz perfeito,
Porque assim cada saída é para o que serve,
E o mundo vai girando certo, como deve…
No entanto, parecem ter surgido uns fariseus,
Os quais querem fazer as vezes de Deus.
Eivados do mais vil e baixo oportunismo,
Reformulam, a meu ver, as funções do organismo:
Já não se lhes distingue a boca da bunda,
E se falam, é seguro que a malta se confunda.
Discursando, é descarga sem dizer “água-vai”…
A gente não sabe sequer de que saída é que sai…
Falo por mim: estes tipos, que p’ra falácia têm queda,
Abrem a saída limpa, sim… mas só sai merda!

El Rey Ninguém
(num beco sem saída…)