quarta-feira, 11 de abril de 2012

Especiaria indiana


Vão os Lusíadas daqui ao Oriente em busca de especiarias e esquecem-se de que o abuso dessoutras substâncias pode, de facto, originar maleitas de saúde ou outras igualmente deletérias consequências.
É o caso das chamuças e de seu dilecto tempero, o caril, como descobriu Karil Ghibran, poeta místico e rematado apreciador de tais petiscos. Redimiu-se – valha-nos isso – pela poesia…

Se achas terrível a diabetes,
Isso é porque não sabes de certos fretes
Que causam ainda pior sofrimento,
Tais como comer chamuças a contento,
O que, se na hora dá prazer
E atiça a vontade de comer,
Mais tarde é uma verdadeira desgraça,
Pois chamuça é coisa que no cu não passa,
Já que tem a forma dum triângulo
E o cu é redondo e não tem ângulo,
E isto, meus amigos, sem falar no caril:
O cagalhão, quando sai, sai a mil!
Muita sanita não se partiu por um triz
E, pelo aroma, parecia o Martim Moniz!
Por isso, não armes sururu,
Não abuses do caril… e trata bem do teu cu!

El Rey Ninguém
(num daqueles dias em que parvoejar 
é ponto único na ordem do dia...)

2 comentários:

  1. Caro El Rei ,
    é bem verdade :"num daqueles dias em que parvoejar é ponto único, na ordem do dia; repito,"num daqueles dias em que parvoejar é ponto único na ordem do dia". Repondo a verdade, toda a verdade, o ponto único até nem era o único daquele dia, ou aquele dia nem era para um único do ponto de dia.Afinal, com ponto ou sem ponto, recordaremos um dia o ponto único que não era o único para aquele dia. O caril e as especiarias têm destas coisas ,o pior, bem o pior é quando há um ponto único, mas um verdadeiro ponto, numa ordem do dia de vários pontos. Azar dos diabos, porque os azares nunca Vêm sós, mas o diabo sim, um só e pobre diabo ou nem tanto que abusa de especiarias, transformou por graça de um intestino delgado roto e acabado, escrevendo melhor, acabado e roto, transformou vários pontos num só ponto , num enorme ponto de merda. E porque a coisa já cheira mal vou fazer ponto final. Mas que grande PONTO.
    Abraço,
    Luís Sérgio

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    1. Luís, já li e reli este teu comentário várias vezes. Primeiro, em termos estritamente linguísticos, está um engenhoso exercício verbal que não é para qualquer cultor das belles-lettres! Depois, quanto aos sentidos, as palavras que usas e com que brincas têm gerado tantas possibilidades semânticas neste meu cérebro de ervilha mal cozida que, de cada vez que o leio, associo as tuas palavras a algo diferente e é, a bem dizer, como se estivesse sempre a lê-lo pela primeira vez. Está uma bela tapeçaria verbal, sem dúvida! Vou pendurá-la, em permanência, na parede da memória. Um grande abraço

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