sexta-feira, 24 de junho de 2011

E vá cada um à sua!

Ora pois claro! À sua santa e devota mãezinha!....

  
Cardenal Mêtacarpo é home de gran sabedoria,
Pois afirma, sem hêsitar, sua Excelsa Senhoria
Que ter as fêmeas a exercer o devino sacerdócio
É questão ainda nã susceptível de negócio.
Nas palavras do venerando home da Cristandade,
Sacerdotizar é exclusivo de masc’lina sexualidade,
E portanto, no sê tom paternalista, ô paternal,
Diz que há que esperar por um devino senal
Que o todo-poderoso Sinhor Nosso Deus
Mande a esta terra de sameritanos i judeus.
Amanhê mesmo vô falar co’ Sinhor Cardenal,
Pois sendo ele o representante cá em Pertugal,
Deve ele saber (embora o omita, por resguardo),
O senal que co’ Nosso Sinhor terá ele combinado.
Ê cá pra mim tenho a ideia, com’outros têm,
De que o ter nascido das entranhas de minha mãe
Foi o senal más devino, a ma’or dádiva recebida,
Que foi minha mãe me ter concedido a vida.
Mas quer o estemado Cardenal duvidar, porventura,
Que é esse o ma’or senal dado à humana creatura,
De que à devina m’lher um ma’or papel incumbe?
Olhe que é senal a sério, nã é vislumbre,
I per isso, se ainda sês olhos à verdade nã abriu,
Dê ó menos valor à santa mãe qu’em tan bô dia o pariu!
Ámen!


El Rey Ninguém
(num dia em que se achou particularmente
prenhe de instintos maternais...)

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