quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mas já deu, ou ainda vai dar?...

'Mas vai dar o quê?...'

'Ora essa, meu caro, merda, meu caro, meeeeerda!...'

'Ah!...'

Portugal, jardim à beira-mar plantado,
Terra de Fátima, futebol e fado,
Causa, pela Europa, inveja e ciúme,
Pois não falta, nesse dito tal jardim,
Uma coisa tão preciosa, que é assim:
Fartura quanto baste do dito estrume.
Já tudo chegou a um ponto crítico,
Eu mesmo sou pelo correctamente político:
Calo-me, caladinho, quando devia falar,
Pois eu não fui feito para protestar
E nem a revoluções sou atreito...
Falo apenas quando me dá jeito,
E mesmo assim, se falo, dizem-me, com enfado:
'P'ra isso, mais valia estares calado!...'

E eu, como um rapazinho bem mandado,
Como o que interessa, e o que resta, ponho de lado!
Oh país de antiga glória e honor,
Jardim pontilhado de tanta flor,
Não foras tu um pasto de negrume,
Por obra e graça do tão divino estrume
Que medra e ferve sob os teus pés.



As entranhas mostram bem o que tu és,
O que te faz de todos ser inveja,
E para que há razão assaz sobeja:
É que estrume do bom, não há por aí ao pontapé,
E curti-lo bem, ainda mais difícil é.
Por isso, a verdade não azeda:
Neste país tudo deu, ou vai dar merda!,
O que é um ingrediente muito importante,
Pois o que vale é fertilizante,
E o resto, está visto, é conversa!
Falta cumprir Portugal?! Não tenham pressa,
Pois vendo tanta flor neste jardim,
Penso eu, cá bem de mim para mim:
Se o país não se cumpriu, mas também não morreu,
É, com certeza, por toda a merda que já deu...

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