domingo, 19 de julho de 2015

Pater Pessoa (ou a arte da inseminação fluvial)

‘Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio…’
Diz o poeta, quiçá latejante de cio,
Sendo que tal pulsão, bem mais que anímica,
Vem a criar um problema de Química.
É que o poeta, declarando o seu Amor,
Fá-lo em plena Ribeira do Jamor,
Ao passo que Lídia, musa do seu desejo,
Molha, àquela hora, seus pés no Tejo…

Sabendo que a Ribeira, em seu curso multifário,
Vem a desembocar no Estuário;

E sabendo que, por uma questão sazonal,
É de 100 m3/ segundo seu caudal;

E atendendo também a que o poeta,
Deparado co’ a pluma erecta,
Sucumbe à toda-poderosa lascívia,
Nele despertada pelo cono de Lídia,
Logo seu viril membro sacudindo
Para tais águas, que vão seguindo;


Calcule, se é que consegue e pode,
Quanto levará a um espermatozóide,
Movendo-se, velozmente, a 3 nós,
A alcançar aquelas águas, junto à foz,
Onde Lídia, que é atrevidota menina,
Já decidiu armar-se em varina,
Nelas imergindo, sem pudor ou sensatez,
Arriscando-se a inopinada gravidez…

Assim demonstre, por A mais B, a solução,
Apresentando toda e qualquer operação
Que evite, ao Pessoa e antes que seja tarde,
O desvario de uma acidental paternidade!...


Nota: imagem de AJ Caseirão,
in ‘Desenho: Do Exército do Quinto Império’

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