sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Despertar do Asno


Há dias em que só o acordar já é duro,
Especialmente se acordamos na pele de um burro…
Tudo o que fazemos se assemelha a um coice;
Educação, decoro, respeito – tudo isto…foi-se!
Se calha abrirmos a boca, já não falamos,
A cada frase que proferimos, na verdade, zurramos,
E mesmo que se queira fazer um cumprimento,
Mostramos logo que o dia é dia de ser jumento.
Portanto, se esperam de mim cortesias, nem pó!
Não vai haver ‘olá’, ‘bons dias’… somente ‘ihn-hóóó!’
 

Porventura acordo como burro, vão-se-me as boas falas,
Vejo tudo afunilado, como tivesse do burro as palas!
Que há-de um homem fazer, quando acorda a escoicear?
Talvez o erro todo tenha sido, tão-somente, acordar…
Vou sair a trote curto, para a coisa não dar um estalo,
Pudera amanhã não seja burro, mas tenha subido a cavalo!
 
El Rey Ninguém
(despertando, asininamente, para o mundo...)
 
Nota: foto da autoria de Delfim Dias.

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