quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Plano Reclinado


Desde o aromado fosso,
Segue a linha espinal de osso
De encontro ao cilindro do pescoço,

Onde o cabelo tece indizível teia.
Aí a mão, resoluta, se enleia,
Outra se ergue, e aquela freia,

Impondo mais paulatino ritmo.
Entre a carne e a carne o istmo
Semelha, na pose, quem dá ao signo

Nome que é oitavo no zodíaco.
O compassado vaivém do ilíaco
Orvalha a polpa ao fruto genesíaco

E eleva ao ápice, ao zénite,
Ponto culminar de todo o frémito:
Estame, carpelo: em uníssono débito!

E sobre a indefesa corola se inclina,
Por fim, polinizadora, a antera masculina,
E a figura que elanguesce assim reclina…

El Rey Ninguém 

Nota: ilustração da autoria de A. Jorge Caseirão (in "Desenho: Figuras Reclinadas").

Sem comentários:

Enviar um comentário