quinta-feira, 2 de junho de 2016

Com passos

Para tudo onde se quer chegar,
Será que chegam todos estes passos?...
Bom era viver até sobrar,
Que não fossem jamais escassos,
Depois de dados, os passos
Que, queremos, nos levem além,
Onde as águas são tranquilas,
E límpidas também…
Os passos certos fazem vidas,
Certamente os errados as desfazem;
São rumos, são direcções perdidas,
Fica-se a meio da viagem,
Sentado, à beira do caminho,
Vendo passar, num torvelinho,
Outros tantos irmãos, outros tantos passos…
Às vezes paro e medito:
Destes, quantos certos, quantos errados,
Quantos eternos, neste chão poeirento,
E quantos então apagados
Na copiosa chuva do esquecimento?...
Não tenho resposta, nem veredicto,
Pois como?, se nem dos meus passos,
Na verdade, estou convicto?...
Poupo-me a mais embaraços
E confesso que por ora – fica dito! –
Pura e simplesmente me satisfaço
Com todo e qualquer passo
Que traga consigo um abraço
E que siga ao coração o compasso;
E assim, chegando onde queria,
Ou não chegando, todavia,
Certo será todo o passo nesta via,
Dado, de um Amigo, em sua companhia…


El Rey Ninguém
Nota: foto de Delfim Dias

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