terça-feira, 10 de maio de 2016

Lepramaniac

Se coisa há que nem ao Diabo já lembra
É que por cá apareça surto de lepra.
Pois que fazer? Saibam, para isso, os mais curiosos
Que cumpre, antes de mais, reconhecer os leprosos,
Tarefa que de complexa se reveste,
Já que é lepra, sim, mas mais agreste,
Visto que os enfermos, tais pobres coitados,
Não trazem, estranhamente, corpo aos bocados,
Nem andrajosas vestes, aqui esfarrapadas, além rotas…
Assim, de identificá-los, são as hipóteses poucas;
Porém, um olhar atento logo resolve o problema
De saber quem os cidadãos dessa ralé enferma:

Chegando, por exemplo, onde exercem a profissão,
Dizem bom dia/ tarde, ninguém lhes passa cartão;
Ou se, porventura, dois ou três lho fazem,
É compaixão p’la desgraça que aqueles em si trazem…
Oh que execrável maleita, tão filha da puta,
Razão bastante p’ra que a malta não curta
Estar perto dessa gente tão tristemente infamigerada!...
Mas ajudar, como dizia o outro, não custa nada:
Se preferir, partindo de que ainda não doou,
Apoie a Liga dos Amigos do bom Raoul Follereau;
Ou então adira à subscrição (seja bom moço)
P’ra pôr, em tais leprados, uns badalos ao pescoço!...

El Rey Ninguém
Nota: imagem de AJorge Caseirão (in Desenho: a verdadeira beleza é interior")

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