domingo, 16 de outubro de 2011

Vendo, e a bom preço!

Como é da praxe domingueira, um homem sai do seu castelo, desce a avenida e vai, placidamente, num passeio sazonal, até à zona ribeirinha, na vaga esperança de que uma tágide assome à flor das águas, de peitos desnudados, e assim anime um pouco esta já de si muito enferma alma lusitana
Mas quando um homem regressa ao seu castelo, sem ter tido sequer um vislumbre dessas ninfas fluviais, o seu olhar e a sua atenção acabam por se deter naquelas coisas em que, na viagem de ida, não chegara a reparar, como, por exemplo, às portas dos ministérios (desde o da Economia, passando pelo das Finanças, e acabando no da Justiça….), enormes cartazes proclamando:
STOCK OUT!
LIQUIDAÇÃO TOTAL!
SALDOS!
VENDE-SE!

Ora, tal me sucedeu, e não querendo ser do contra, não fui de modas e mandei abrir a cisterna do meu castelo, a fim de ver se não teria eu por lá alguns monos de que me pudesse desenvencilhar a bom preço, aproveitando, assim, a onda reinante, se é que me faço entender.
E o facto é que encontrei bastantes, tanto que não hesitei, e eles aqui se encontram. Façam as vossas licitações, senhores!


VENDO
Uma chusma de políticos portugueses,
Que em pouco mais que ½ dúzia de vezes,
E sem qualquer moral ou decência,
Levaram este país à falência

VENDO
Um político gordo e pançudo,
Armado em Sebastião Come Tudo,
Que se avilanou, comendo até fartar,
Deixando, a mim, a conta p’ra pagar!

VENDO
Um Fulano muito sério e não sei até se presidente,
Que agora, que anda o Zé Povinho penitente,
Pois pão p’ra comer não tem, já não há,
Se esqueceu, por magia, de quando foi Ali Babá

VENDO
Um eleitor português - afilhado do autarca sujo até à medula,
Condenado por pecado de cobiça e outrossim de gula -,
O qual vem, para o Marquês, berrar como outros muitos,
Que, em Portugal, os políticos… são todos uns corruptos!

VENDO
A essa gente iluminada, que se diz tão séria,
Que jura que isto, assim, é que vai ficar melhor,
Vendo, a pronto pagamento, a minha conta offshore,
Sediada no paraíso fiscal da…Porca Miseria!

VENDO
Relíquias do saudoso Capitão Salgueiro Maia,
Que embora repousando em boa paz,
Se nos vira governados por esta laia,
Veria que tanta falta ora nos faz!...

El Rey Ninguém
(sem saber se está em liquidação,
ou se já está liquidado…)

1 comentário:

  1. Carlos !
    Parabéns pelo blogue.
    Bom post. De facto vendíamos muito desta canalha.
    Para já. podíamos poupar no governo privatizando-o, já que goatam tantos de privatizações.
    Abraço,
    Luís Sérgio

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