Para o Nelson Agapito,
Amigo de inolvidáveis horas
Melhor
será aquele que apascenta
Pelas
suas zele, não se desleixe,
Pois
de tal incúria se aproveita
O
Bom Pastor de Odeceixe…
Por
tal, não descureis vossas reses,
Com
diligência, todo o bem lhes dai,
Que
o Bom Pastor faz as vezes
De
um bom irmão, de um bom pai…
Acaso
vos suceda no rebanho
Que
ovelha se perca ou tresmalhe,
É
seu cajado tão deveras tamanho,
Que
mácula não se pode apontar-lhe!
Logo
aos domínios do seu curral
Chama
a rês ora perdida,
Do
cantil, dando-lhe à boca o gargalo,
Restitui-lhe
o vigor e a vida!...
Quaisquer
reses, de medo hirtas,
Têm,
no Bom Pastor, bom amigo,
Sejam
ovelhas, cabras ou cabritas,
A
todas cobre, concede abrigo…
Estas
são as virtudes cardeais
Deste
Pastor, tão bom Samaritano:
P’ra
protecção destoutros animais,
Evita
que sofram mor dano,
Tal
como a fome, que avilta,
Reduz
a escombro qualquer divino ser…
Concebei,
senhores, uma tal cabra faminta,
E
como não lhe daríeis de comer
Acaso
de vós se aproximasse,
E
em vosso cajado solitário,
Submissamente,
se esfregasse,
Rogando-lhe
não fosse avaro
E
compartilhasse a primícia
De
uma qualquer colheita…
É
incumbência da pastorícia
Ter
uma vara escorreita,
Que
saiba guiar gado caprino,
O
assista, dê guarida e oriente,
Mal
se lhe escute o balido
Suplicando
que o sustente!...
Escutai,
por isso, ó vós que pastoreais:
Se
não cumpris a obrigação
Com
cabra que no redil acoitais,
Dai-lhes
a tábua de salvação:
Que
as acoite tal alma benfazeja –
Certo
é que nunca as deixe! –,
Que
o que qualquer cabra deseja
É
cajado… do Bom Pastor de Odeceixe!...
El Rey Ninguém
Nota: imagem de AJ Caseirão (Desenho: Uma Passagem pelo Olimpo: As Ninfas).
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