Se coisa há que nem ao Diabo já
lembra
É que por cá apareça surto de lepra.
Pois que fazer? Saibam, para isso, os
mais curiosos
Que cumpre, antes de mais, reconhecer
os leprosos,
Tarefa que de complexa se reveste,
Já que é lepra, sim, mas mais
agreste,
Visto que os enfermos, tais pobres
coitados,
Não trazem, estranhamente, corpo aos
bocados,
Nem andrajosas vestes, aqui
esfarrapadas, além rotas…
Assim, de identificá-los, são as
hipóteses poucas;
Porém, um olhar atento logo resolve o
problema
De saber quem os cidadãos dessa ralé
enferma:
Chegando, por exemplo, onde exercem a
profissão,
Dizem bom dia/ tarde, ninguém lhes
passa cartão;
Ou se, porventura, dois ou três lho
fazem,
É compaixão p’la desgraça que aqueles
em si trazem…
Oh que execrável maleita, tão filha
da puta,
Razão bastante p’ra que a malta não
curta
Estar perto dessa gente tão
tristemente infamigerada!...
Mas ajudar, como dizia o outro, não
custa nada:
Se preferir, partindo de que ainda
não doou,
Apoie a Liga dos Amigos do bom Raoul
Follereau;
Ou então adira à subscrição (seja bom
moço)
P’ra pôr, em tais leprados, uns
badalos ao pescoço!...
El Rey Ninguém
Nota: imagem de AJorge Caseirão (in Desenho: a verdadeira beleza é interior")
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