Mas por que carga de água te ralas tanto
E te desfazes por inteiro nesse pranto?...
Lá porque o país ameaça que descamba,
Sempre temos o Professor Mestre Karamba,
Um dotado e portentoso mancebo
Capaz de nos tirar a cabeça do cepo
E preservar intacta a cerviz.
Não importa que mal assole o país,
Seja inveja, mau-olhado, quadro de depressão,
P’ra tudo o Karamba arranja solução,
P’rá dependência externa, vício de droga,
O erário público delapidado em mil noitadas de borga,
Insucesso, falta de sorte, tabaco, alcoolismo,
As finanças públicas à beira do abismo,
Professor Mestre Karamba, homem de grandes poderes,
Faz que com a troika cumpra o país seus deveres,
Passa um pano com Sonasol em legislação confusa,
E ao Zé, que lhe faltava, dá-lhe de volta a tusa,
E à Maria, que virara um frigorífico,
Dá-lhe, p’ra remédio, um amante assaz prolífico!
Rechaça e afasta, mas com garantia total,
Políticos da treta cá deste nosso Portugal,
E acertando uma, em cada dez mil previsões,
‘Inda adivinha os números do euro-milhões
(Com o cuidado, e p’ra sua salvaguarda,
Sempre os do sorteio da semana passada...).
Faz tudo isto, e dá previsão de vida e futuro,
Faz consultas à distância e no escuro,
E eu só não sei se faz, o Professor Mestre Karamba,
P'ra que a malta não mirre desde a raiz,
Com que não se torne este país…
Num grande poço de trampa!
El Rey Ninguém
(neófito do movimento de salvação nacional
conhecido por... "Cum Karamba!")
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