terça-feira, 19 de abril de 2011

Soneto do Homem Nobre

Cabe-me a mim, como homem de sangue real, pugnar pelo regresso aos tempos de antanho, quando as coisas, governadas por Sua Excelsa Figura, o Rey, corriam, sem dúvida, bastante melhor. Tudo era muito mais simples. Por exemplo, a sociedade era clero, nobreza e povo, e não havia cá mais complicações. Ou se pertencia a uns, ou a outros!
Destes três grupos, aquele com quem sempre me dei um pouco melhor foi a nobreza, porque, na verdade, sem gente que seja Nobre, nenhum país pode ir para a frente! Aliás, disso estou tão certo e convicto que, fazendo uso daquele poucos genes que ainda me chegaram herdados do meu saudoso D. Dinis, o Rey Trovador, decidi meter mãos à obra e, do meu fraco engenho, homenagear quem é Nobre...
Então lá vai! 


Nos já idos tempos medievos
Era o ser Nobre questão de nome:
Quem o tinha, tinha sossegos,
Quem não tinha, passava fome.

Assim, tendo-se o nome, era-se Nobre,
E palavra de Nobre era sagrada,
Valia mais que ouro, prata e cobre,
E não se vendia mas nem por nada!

Mas agora a ocasião é outra,
Tanto que dessa tal dita nobreza
Já não nos sobra senão pouca,

E, mesmo essa, já mal se tem em pé,
Pois quem Nobre era – ai que tristeza! –
Agora Nobre já só de nome o é!...

El Rey Ninguém
(featuring D. Dinis)


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