terça-feira, 26 de abril de 2011

Somebody save the donkey!

Querem persuadir-me de que o que faz falta a este país são tantas e tão diversas coisas que eu, preso nesse emaranhado de argumentos, não posso senão propor uma solução bem mais simples: investir seriamente na raça asinina, porque o burro não só é um animal que se presta a trabalhar imenso, como tem dos encargos (nomeadamente salariais…) mais em conta de todo o mercado de trabalho: normalmente, dois ou três fardos de palha seca will do the job!....
Não só o proponho, como igualmente o celebro em verso, porque o burro, definitivamente, merece!





Soneto do Burro Precário

Era uma vez um burro, como outros tais, que trabalhava
Desde que o sol nascia até que o sol se punha.
Por ser burro, era, infelizmente, assaz pesada a sua carga,
Pois, p’ra ser cavalo, não tinha artes, nem jeito, nem cunha!,

E assim sendo, se burro era, burro continuava,
Trabalhando aqui e além, como por onde calha,
Recebendo apenas ½ ração pelo muito que suava,
E, por caridade, e só às vezes, uma mão cheia de palha!

Burro singular era este, de singulares predicados,
A tanta labuta atreito e a tão fraco sustento,
A quem, a despeito dos sacrifícios e esforços continuados,

Novos fardos se juntavam à sua já de si pesada cruz!...
Mas que dizer do burro, que outros dizem asno, ou jumento,
Que com ser burro está contente, e a seu nome tanto faz jus?...

El Rey Ninguém
(featuring O Asno Transmontano,
raça de ímpar valor zoófilo, e não só…)



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