…imaginando-me enleado por
etérea dama!
Falais
de estimular o intelecto,
Mas
há no mundo, por certo,
Órgão
que mais quer ficar erecto
Do
que propriamente o cérebro…
P’ra
masturbar na língua lusa,
Ganhando
silábica tusa,
Ejaculando
de forma profusa
Palavras
inspiradas numa musa –
Para
tal, doutra não necessito,
P’ra
que o texto seja escrito,
Que
a Língua própria – fique dito! –
Em
que, verbalmente, me excito!
Todas
as demais situações,
Respeitadas
umas tais circunscrições,
Serão
devaneios, ilusões,
Serão
passageiras atenções…
A
pluma, porém, em seu trabalho
Pode
confundir-se c’ o caralho,
E
o papel, claro, c’ o agasalho
Em
que depõe aquele o coalho
Que
é garantido que de ele escorra.
Chamai-lhe
texto, chamai-lhe esporra,
Tudo
isso depende agora
De
quem convosco concorra
Nas
ditas contendas verbais.
Tempo,
não lhe faço perder mais,
Mas
quero, contudo, que saibais
Que
o que tanto prezais –
A
tão preciosa amizade –,
Lhe
presto vassalagem, lealdade,
Por
ela ergo minha espada
E
a quero mui bem estimada
Contra
todo, qualquer equívoco!...
Lá
nisso, nosso tom é unívoco,
Nosso
canto é uníssono,
Vós,
todavia, soprano, eu barítono,
Mas
comungando a mesma hóstia…
Porém,
Senhora, se vos gosta
A
Língua bem dita, bem-posta,
Acautelai-vos!
Pode dar à costa
Quem
possa mal percebê-la,
E
se ao serdes bela
Aliais
intelecto que se revela,
Pode
querer, naturalmente, fodê-la,
Tal
como, sabê-lo-eis com certeza,
É
próprio da humana natureza,
Que
não logra escapar ilesa
Às
tentações de cama e mesa!...
P’ra
tudo isto, Senhora, vos advirto:
Que
podereis deixar hirto
Quem
não saiba manter circunscrito
O
foder ao texto escrito.
Já
quanto a mim, faz-se tarde;
Vou
deambular pela cidade,
Cultivando
fraternal amizade
Com
meus mestres, pois claro, Bocage & Sade!...
(em estado sadobocágico)
A la vez grosero e naturalmente bello!
ResponderEliminar