Está escrito teu nome: “Barbosa du Bocage.”
Tenho procurado, mas não encontro em Portugal
Quem o teu talento supere, ou sequer iguale,
Pois entre os nossos poetas haverá poucos
Que, mesmo tendo o seu quinhão de loucos,
Jamais lograram, em seu lírico trabalho,
Chamar à cona “cona”, e ao caralho “caralho”,
Dizer “pentelho”, “esporra”, e não “tufo”, “esperma”,
E amalgamá-lo na folha de um poema
E, com tudo isso, erguer um hino à Beleza…
Oh!, quantos escrevem com uma tal delicadeza,
Tecendo sublimes elogios ao Amor, à Mulher,
Quando, no fim de contas, todos querem é foder!...
E a verdade é que minh’alma fica atónita
Com a cega profusão de tanto e tanta hipócrita
Que camufla, a cada verso, em cada copla,
Um obstinado desejo de foda, de cópula…
Mas tu, Bocage, a quem reverencio e venero,
Pertences que não a essa espécie de clero
Que, do púlpito, profere discursos doutos,
Mas que se fodem, inclusive, uns aos outros!
Dar-me-á razão o tempo de outra era,
De que “cona” é o centro desta Terra,
E o “caralho” – que a imagem te não fira! –
O eixo em torno do qual aquela gira!
Romeus e Julietas, pois são figuras que refutas,
E enalteces, deste mundo, os cabrões e as putas,
E quanto assim escreves, quanto é legítimo,
Que quem tal não seja em seu íntimo,
Suspeito que será Jesus, será Krishna,
Ou, porventura, algum ser alienígena,
Que, não vindo cá p’ra foder à desgarrada,
Não veio, diga-se, a este mundo fazer nada!
Oh Bocage, Bocage, nome vivo em pedra morta,
Quanta gente por ti passa e não nota
Que és qual sempiterno Sol, que brilha
Cada vez que irrompe o tesão na virilha
E somos possuídos por esse indescritível afã
De foder, foder, foder… como não houvera amanhã!
El Rey Ninguém
(prostrado, deferentemente, ante Bocage)
Funny. No mesmo dia em que meti este no ar: http://www.ospositivos.com/2013/07/dejected-12.html
ResponderEliminarO centro da Terra e o seu eixo... poderá ser uma forma interessante de explicar o movimento de rotação... em geografia... ;-) Já sei que me vou rir da próxima vez que o fizer...
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