De
qualquer espécie que se fale,
Parecer-me-á
o resultado sempre igual:
Que
exista ainda, ou esteja extinta,
Deu-lhes
o Criador uma saída limpa.
Em
contrapartida, deu-lhes uma outra dita cuja,
A
que chamaremos, sem mais, de saída suja…
Fácil
é de se ver qual seja uma e outra:
A
saída limpa, claro está, é a boca.
Entre
muitas outras coisas, a ela lhe cabe
Ser
saída do que corresponda à verdade.
Quanto
à saída suja, basta ver um homem nu
P’ra
se perceber que tal saída é o cu,
Saída,
por sinal, que tem por triste sina
Libertar
toda a sorte de matéria intestina –
Razão
p’ra que dela, enfim, se fuja
E
a tenham apodado, também, de suja…
Deus
assim fez as coisas, deste jeito,
No
meu entender, diga-se, assaz perfeito,
Porque
assim cada saída é para o que serve,
E
o mundo vai girando certo, como deve…
No
entanto, parecem ter surgido uns fariseus,
Os
quais querem fazer as vezes de Deus.
Eivados
do mais vil e baixo oportunismo,
Reformulam,
a meu ver, as funções do organismo:
Já
não se lhes distingue a boca da bunda,
E
se falam, é seguro que a malta se confunda.
Discursando,
é descarga sem dizer “água-vai”…
A
gente não sabe sequer de que saída é que sai…
Falo
por mim: estes tipos, que p’ra falácia têm queda,
Abrem
a saída limpa, sim… mas só sai merda!
El
Rey Ninguém
(num
beco sem saída…)