Parece que o Ministério da Administração Interna quer promover encontros entre jornalistas e polícia. Promover encontros?... Hummm, acho muito bem? Mas, se assim for, há que mudar o nome ao Ministério. Talvez, e para manter a sigla, Ministério dos Arranjinhos Íntimos - MAI, ora aí está! E até pode ser que assim funcione melhor. Reconfigure-se o MAI, já! Love is in the air...
Ora, qual é a atitude mais responsável,
Seja qual for o governo,
Senão de imediato pôr termo
Ao que administra o inadministrável?
Não é passo maior que a perna,
E os motivos são legítimos:
Criar o dos Arranjos Íntimos
Onde era o da Administração Interna.
E o senhor ministro, se lhe apraz,
Queira em vez de senhor ministro,
Que já é título malquisto,
Ser, qual Brízida Vaz,
De moças casadoiras o sustento,
E assim, com um agir tão idóneo,
Talvez venha Santo António
A fazer as vezes de São Bento!
Aqui ficam vários exemplos,
Ainda que sejam avulsos,
Dessa mudança nos costumes e usos
Que é já sinal dos tempos!
(…)
‘Sr. Agente do Cacete,
P’ra ilustrar mudança de atitude,
Permita que elogie a magnitude
De seu sobressaliente cassetete!’
‘Pela lei e contra o regabofe,
Não há nem repressão nem temor
Desde que o seu gravador
Esteja sempre em função OFF.’
‘Sempre admirei homens de farda
Que agem com abnegação e denodo,
Sacrificando o eu pelo todo
E compensando com pancada!’
‘Marcamos entrevista p’lo telefone,
E p’ra que a coisa tenha graça,
Eu levo algemas e a mordaça
P´ra se falar ao microfone!’
‘Você sabe o que é bom p’ra tosse,
E se arreia em cheio no pessoal
Só há uma razão p’ra tal:
Sofre de ejaculação precoce…’
‘Vá lá, aceite este amor de cortesia
E receba estas nódoas negras
Como lembretes das regras
Em que assenta a democracia…’
‘Porque não vamos ter um caso?
Façamos ao amor justiça,
Embora ainda seja noviça
Nestas artes do sado-maso!’
(…)
Não é melhor beijinhos e abraços,
Jornalistas de bem co’ a bófia
Sem haver cá bazófia
Nem ossos feitos em pedaços?...
Sr. Ministro, santo casamenteiro,
Deixe-se lá de politiquice
E faça mas é da alcoviteirice
Uma ocupação a tempo inteiro!
El Rey Ninguém
(como dizia o poeta: "a vida é a arte do encontro...")