sexta-feira, 16 de outubro de 2015

E no entanto ela nasce…

Deus não quer, o Homem sonha, a bandalheira nasce…
Deus não quis que a democracia separasse,
Bem pelo contrário, que irmanasse, unisse,
Como por milagre trouxesse à superfície
O que é, em cada um, espelho de virtude,
O exacto invés seja do que for faceta rude
Na nossa humana natureza, por certo falível…
Deus não quer, mas tal caso sucede incrível
Que floresça no fraco espírito do Homem –
No de alguns, somente porque querem, e podem! –
Daninha erva que desponta e logo alastra.
Trata-se, aliás, de uma espécie tão nefasta
Que não há, qualquer que seja e nos valha, herbicida
Que dê cabo, para bem, dessa verdura fodida
Que se assenhoreia, ruinando-o, de qualquer canteiro,
O à beira mar plantado logo em lugar primeiro!...


Somos uma nação de poetas, mas, a sério, vejo poucos;
Estou mais crente em sermo-lo, mas de loucos!
Louco, quando sonha, sonha mas são delírios;
Logo daí a nada, pior ainda, são martírios
O que sai daquela tão mal ilustrada cabeça…
Quanto a Deus, não quererá que nada disto aconteça,
Mas que fazer? Podemos conhecer-lhe os desígnios,
Mas, cá em baixo, somos nós que construímos
O que em regra tem saído um aplaudido desastre!
Por isso Deus não quer, mas o Homem sonha, 
                                                     [e a bandalheira… nasce. 


El Rey Ninguém
Nota: Imagem de AJ Caseirão (Desenho: Do Exército do Quinto Império)

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